A utilização do jogo na educação ao longo da história
Por Thais Pariz Maluta
Procurando pontuar a utilização dos jogos na educação nos diferentes
momentos históricos, tomamos como referência os estudos de Kishimoto (2003). A autora,
analisando o emprego do brinquedo na educação ao longo da evolução histórica, verifica que
não existem estudos históricos acerca da evolução do brinquedo no Brasil, por isso a
necessidade de adotar como parâmetro a história do brinquedo na sociedade francesa. Nesta, a
evolução do brinquedo acompanha os grandes períodos da civilização ocidental.
Segundo a autora, é na antiga Roma e na Grécia que acontece o nascimento das
primeiras reflexões em torno da importância do brinquedo na educação. Platão verifica a
importância de se aprender brincando, em oposição à utilização da violência e da opressão. Já
Aristóteles, sugere para a educação de afianças pequenas, o uso de jogos que imitem
atividades sérias, de ocupações adultas, como forma de preparo para a vida futura. Nessa
época, ainda não se discutia o emprego do jogo como recurso para o ensino da leitura e do
cálculo.
Seguindo a evolução histórica, a autora pontua que no advento do Cristianismo
ocorreu o distanciamento do desenvolvimento da inteligência, uma vez que predominou a
educação disciplinadora, sobretudo com a imposição de dogmas. Neste momento, porém, não
houve condições para a expansão dos jogos, os quais eram considerados delituosos.
A autora evidencia que durante o Renascimento ocorreu o aparecimento de
novo ideal carregado de paganismo, trazendo outras concepções pedagógicas. Desta forma, a
utilização do jogo é empregada no cotidiano dos jovens, mas não como diversão, e sim como
tendência natural do ser humano. Neste período foi criado o jogo de cartas educativo.
Na concepção da referida autora, no século seguinte continua a expansão dos
jogos de caráter educativo.
Filósofos apontam a importância das imagens e dos sentidos para a
apreensão do conhecimento. Desta forma, multiplicam-se jogos de leitura e também diversos
jogos destinados à tarefa didática nas áreas de História, Geografia, Moral, Religião,
Matemática, entre outras.
No século XVIII, nasce a concepção de infância e neste período se verifica a
necessidade de uma educação ajustada à natureza infantil. Conseqüentemente há o nascimento
da Psicologia Infantil.
No início do século XIX, ocorre o surgimento das inovações
pedagógicas: a autora cita Froebel, o qual enfatiza que o jogo, entendido como objeto e ação
de brincar deve fazer parte da história da educação pré-escolar, pois o autor tem a concepção
que, manipulando e brincando com materiais como bola, cubo e cilindro, montando e
desmontando cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire noções primárias de
Física e Metafísica.
Já no século XX começa a produção de pesquisas e teorias que discutem a
importância do ato de brincar para a construção de representações infantis. Estudos e
pesquisas de Piaget, Bruner, Vygotsky, entre outros, evidenciam pressupostos para a
construção de representações infantis relacionadas às diversas áreas do conhecimento. Com a
expansão de novos ideais, crescem as experiências que introduzem o jogo com o intuito de
facilitar tarefas do ensino.
In: MALUTA, Thais Pariz. O Jogo nas Aulas de Matemática: Possibilidades e Limites. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia.) – Departamento de Ensino. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, p. 14,15. 2007.
Imagem: https://pixabay.com/pt/jogar-pedra-colorido-smilies-1744790/cco creative commons atribuição não requerida
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